sexta-feira, 21 de junho de 2013

Visão

Não podemos trocar o coração, nem tão pouco apagar nossa memória. Mas o tempo, de fato, muda muita coisa. Muda, principalmente, nossa maneira de ver as coisas. E as pessoas.
Muda essencialmente a maneira que percebemos as pessoas que protagonizam nossos amores não correspondidos. As pessoas que exercitam o poder de serem cruéis sem saber que o são. Cruéis não porque desejam sê-lo, mas porque nós as desejamos demais.
Amar sem retorno. Nada pode ser mais difícil para um romântico. Amar só com ponto de partida. Sem a linha de chegada. Nada  mais caótico do que parecer que nada ama, para esconder tamanha fragilidade.
Amar sem retorno é que nem guerra perdida...
Mas o tempo, eterno aliado, dá uma força para amenizar as coisas. Ele não muda o coração, mas muda os olhos. Ele preenche o espaço com outras coisas. Aliás, muitas coisas. E aquele desejo repetido todos os dias passa a ser repetido apenas toda semana e depois apenas todo mês e todo ano... Até o dia em que a gente se depara com nosso amor e percebe o tamanho do vazio que ele deixou. Amor, nunca deixa de existir porque volta e meia a gente tropeça nele por aí... O que muda é forma como a gente reage. E se há mudança no ritmo dos batimentos, não é porque trocamos o coração. É porque ajustamos nossa visão.