domingo, 6 de outubro de 2013

Presa em ti

Assim como tu, trato minhas obsessões como amores.
Não desisto da busca.
Maltrato meus outros amores.

Assim como tu, cego tudo aquilo que não sinto.
Vejo só o que guardo na memória.
Tenho memória infinita pro amor e finita pra mágoa.

Assim como tu, desejo o inatingível.
Perco os sentidos.
Mergulho no caos do meu inconsciente.

Assim como tu, diluo meus pensamentos.
Recupero os sentidos.
Me refúgio no som da tua voz. 

Assim como tu, caminho na direção do nada.
Volto atrás. 
Procuro abrigo em mim mesma.

Assim como tu, cultuo a liberdade.
Presa em ti.
Assim como tu, preso em alguém que está fora de mim.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Visão

Não podemos trocar o coração, nem tão pouco apagar nossa memória. Mas o tempo, de fato, muda muita coisa. Muda, principalmente, nossa maneira de ver as coisas. E as pessoas.
Muda essencialmente a maneira que percebemos as pessoas que protagonizam nossos amores não correspondidos. As pessoas que exercitam o poder de serem cruéis sem saber que o são. Cruéis não porque desejam sê-lo, mas porque nós as desejamos demais.
Amar sem retorno. Nada pode ser mais difícil para um romântico. Amar só com ponto de partida. Sem a linha de chegada. Nada  mais caótico do que parecer que nada ama, para esconder tamanha fragilidade.
Amar sem retorno é que nem guerra perdida...
Mas o tempo, eterno aliado, dá uma força para amenizar as coisas. Ele não muda o coração, mas muda os olhos. Ele preenche o espaço com outras coisas. Aliás, muitas coisas. E aquele desejo repetido todos os dias passa a ser repetido apenas toda semana e depois apenas todo mês e todo ano... Até o dia em que a gente se depara com nosso amor e percebe o tamanho do vazio que ele deixou. Amor, nunca deixa de existir porque volta e meia a gente tropeça nele por aí... O que muda é forma como a gente reage. E se há mudança no ritmo dos batimentos, não é porque trocamos o coração. É porque ajustamos nossa visão.