quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Neruda falou por mim!

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

"Cem sonetos de Amor"

Um comentário:

Artur Carpes disse...

"incerto destino desafortunado"...por isso a vida é tão boa de ser vivida...fosse tudo matemática e tudo seria nada. Amo mesmo quando não amo. Amo sempre, pois. O amar pressupõe a incerteza. Mas sempre na medida certa. Onde foi parar a minha régua?